BC buscou inovação sem prejudicar os bancos, dizem especialistas sobre o real digital.

Autoridade monetária escolheu um modelo menos disruptivo do que o adotado pelo governo chinês em sua CBDC.

O projeto piloto do real digital anunciado ontem (6) pelo Banco Central foi visto como positivo pela indústria de criptomoedas. O modelo do desenvolvimento da versão tokenizada da moeda soberana brasileira, junto com a construção de uma infraestrutura para viabilizá-lo, refletiram, segundo especialistas, um desejo da autoridade monetária de tomar a vanguarda na inovação sem, contudo, causar uma disrupção muito radical no sistema financeiro.

Rodrigo Caldas de Carvalho Borges, sócio no Carvalho Borges Araújo Advogados, explica que a proposta do real digital é bem diferente do conceito de Moeda Digital de Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) que a China adotou. Na maior economia da Ásia, o yuan digital é emitido diretamente para as carteiras digitais dos cidadãos chineses. Ou seja, constitui um passivo do governo chinês, e não de instituições financeiras da iniciativa privada. Na prática, a criptomoeda reforça ainda mais o controle que o Estado tem da economia chinesa.

Já no Brasil, o real digital será um depósito bancário tokenizado, ou seja, a custódia do dinheiro ainda será realizada pelos bancos privados. “A utilização pura da tecnologia, como é feito na China, resultaria nas pessoas terem carteiras conectadas diretamente ao BC, deixando de ter contas em bancos privados. Consequentemente, teria um impacto econômico enorme, com redução dos depósitos bancários e até da oferta de crédito”, explica Carvalho Borges.

Na opinião do advogado, o modelo adotado pelo BC traz a vantagem de garantir maior interoperabilidade no sistema financeiro, uma vez que a blockchain do real digital será compartilhada por todas as instituições financeiras, sem o ônus de tornar a autoridade monetária uma concorrente dos bancos.

“Vejo como uma nova infraestrutura, tal qual o PIX. Hoje, cada banco tem seu próprio sistema, então quando você tira de um banco e manda para outro, o primeiro precisa baixar as suas reservas para que ocorra a liquidação no segundo. Agora, com a tecnologia blockchain, podemos transacionar em diferentes sistemas sem precisar de uma validação futura” argumenta.

Yuri Nabeshima, head da área de inovação do VBD Advogados, diz que o projeto piloto parece bastante promissor e é bem positivo. “As possibilidades de novos produtos financeiros e até outros ativos tokenizáveis são infinitas, abrindo espaço para a criatividade dos agentes de mercado”, aponta. Vale lembrar que o próprio coordenador do real digital no BC, Fábio Araújo, já admitiu mais de uma vez que o projeto está mais ligado à tokenização de ativos reais do que na criptoeconomia. “O foco do real digital é a tokenização de atividades financeiras, cripto é só uma parte”, comentou na semana passada durante evento do LIDE em São Paulo.

O anúncio do real digital repercutiu positivamente na comunidade cripto brasileira. Eduardo Neger, presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), disse que as diretrizes anunciadas representam “mais um passo do país rumo à digitalização do sistema financeiro e de pagamentos nacionais e transfronteiriços”. “A nossa expectativa é positiva para redução de custos de transação e aumento da disponibilidade dos sistemas, com benefícios aos usuários.”

Já Bernardo Srur, diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), avalia que o modelo adotado pela autoridade monetária foi “excelente”, pois foi em linha com a pauta de inovação estabelecida com o PIX. “O Banco Central está provendo uma solução tecnológica, mas compartilhando o papel com os outros participantes, o que é um acerto para ele não assumir um papel de provedor de soluções que termine criando um monopólio estatal.”

Srur entende que um dos pontos a segmentar no debate a partir de agora é a função da criptoeconomia como infraestrutura para o mercado, algo que precisaria, na visão dele, ser construído junto com o Estado. “O blockchain, para ajudar a sociedade, precisa do papel do Estado. O cliente final pode não ter acesso e nem ver onde está a parte cripto, mas ele será beneficiado por um sistema mais sólido e ininterrupto, que funciona 24 horas por dia.”

Dentre as empresas do setor, o MB também se manifestou favoravelmente. Reinaldo Rabelo, CEO do MB, comentou que o anúncio do BC reforça o posicionamento de que o blockchain traz disrupção para a infraestrutura do mercado financeiro e de capitais. “A tokenização de ativos, inclusive da moeda oficial, permite levar para negociações algo que já temos experimentado no sistema de pagamentos do Brasil com o PIX. O MB contribui com essa revolução via LIFT Challenge, com case de DvP [entrega vs pagamento] semelhante ao que foi apresentado na divulgação do real digital.”

João Canhada, fundador da Foxbit, por sua vez, diz que está acompanhando com entusiasmo os avanços do real digital, na expectativa de que mais uma vez o BC surpreenda positivamente, tal qual fez com o PIX. “Entendemos o quão grande é esse processo, as mudanças que surgirão, e também as oportunidades que ele abre. Estamos acompanhando e aguardando os próximos passos”, declara.

 

Fonte: https://valor.globo.com/financas/criptomoedas/noticia/2023/03/07/bc-buscou-inovacao-sem-prejudicar-os-bancos-dizem-especialistas-sobre-o-real-digital.ghtml

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