A recente fusão dos escritórios 3A e Riva, ambos ligados à rede XP, numa operação combinada com R$ 15 bilhões em custódia na plataforma, mostra os primeiros capítulos de um movimento que tende a ganhar novos lances e não deve se restringir às grandes transações do setor.
Escritórios de médio porte têm buscado ganhos de eficiência após um período de captação mais fraca durante o ciclo de alta de juros. Ao mesmo tempo, preparam o terreno para ampliar seu rol de serviços, como gestão patrimonial, câmbio, mercado de capitais ou corretagem de seguros, o que passou a ser possível com as novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a atividade. É uma forma de buscar receitas para além dos investimentos.
“A partir de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões os grupos já são estruturados. Teremos muitas operações menores. E com a nova regulação, faz sentido transações horizontais. Um assessor de investimento pode trazer novos serviços para incorporar a um ecossistema”, afirma Gustavo Vaz, sócio VGRI Partners, consultoria especializada em fusões e aquisições.
Um levantamento da VGRI e do escritório de advocacia Carvalho Borges Araújo (CBA) aponta que o Brasil tinha cerca de 22 mil assessores de investimentos no fim de 2022, com crescimento de mais de quatro vezes desde 2017. O número representa 1,09 assessor para cada 10 mil habitantes no país, um nível muito menor do que outras localidades, como Austrália, que tem uma população oito vezes menor que o Brasil e cerca de 25 mil assessores. Por lá, essa relação é de 9,73. Aqui é uma parcela muito pequena da população que investe em renda variável: apenas 3%. Nos Estados Unidos, esse percentual chega a 61%.
“O mercado tem ambiente para uma grande expansão. Escritórios de médio porte estão se movimentando para ter um patrimônio mais parrudo. É estratégico olhar também para o perfil de clientes”, afirma Guilherme Araújo, sócio do CBA.
Pelas regras anteriores, os antigos agentes autônomos só podiam se organizar em sociedades simples e uniprofissionais, admitindo apenas assessores certificados no contrato social. Os escritórios não podiam contratar pelo regime CLT para outras áreas ou ter a figura do investidor capitalista. Com a revisão normativa, muitos escritórios estão analisando como se adaptar.
Desde a entrada em vigor da norma da CVM, em junho, aumentou a demanda de escritórios que buscam aprimorar a estrutura corporativa. “Muitos ainda não tinham regras de governança sedimentadas. Temos visto casas revistando atos societários para possibilitar a entrada de investidores ”, diz o sócio do CBA Rodrigo Borges.
Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2023/09/11/escritorios-de-medio-porte-tendem-a-se-consolidar.ghtml